segunda-feira, 4 de maio de 2009

C.7-O personagem Dr.Heitor Peixoto Toledo

Entre os muitos personagens de sua história a comunidade damianense reverencia a memória de Dr.Heitor Peixoto Toledo.
Nascido em 25-12-1911, assumiu a direção hospitalar em 1956.
Neste período os doentes eram internados à força, em regime de isolamento, o que forçava o início da desagregação social e familiar.
Grande humanista, médico estudioso e entusiasmado com a profissão, Dr.Heitor teve de enfrentar resistências oficiais e profissionais de seu tempo, antecipando procedimentos que hoje fazem parte dos manuais da OMS-Organização Mundial de Saúde sobre a hanseníase. Dedicou a vida a serviço da medicina. Sua atuação provocou várias modificações na assistência e no relacionamento com os doentes hansenianos. Foi o precursor corajoso a contrariar a informação científica da época sobre contágio da doença e com isso o fim do drama da separação de pais e filhos que eram levados para educandários distantes, horas após o nascimento, sem sequer poderem ser abraçados e amamentados por suas mães. Era a dor que restava nas gotas do leite de filhos ausentes.
O tempo, as pesquisas e a realidade provaram que ele tinha razão. Eis um fator preponderante devido à ruptura de preconceitos e questionamentos que suscitou para cientistas, governantes e sociedade, além de gerar motivação para a vida dos pacientes internos diante de uma nova realidade: pais e filhos passam a ter a alegria de viver com o renascimento do convívio familiar. As gotas de dor do leite que então secava passam a ser agora fios de esperança.
Com o início de seu trabalho derrubou barreiras. Para garantir a separação dos doentes que recebiam visita de alguns raros familiares havia o chamado “parlatório”, uma espécie de sala com um balcão de 2 metros que fazia a separação. Mãe e filho, esposo e esposa, irmão e irmã, por exemplo, nem sequer podiam pegar na mão um do outro na chegada e na despedida.
Terrível tortura, dolorosa humilhação!
Para tentar suavizar um pouco e romper o preconceito, Dr.Heitor usava todas as formas possíveis de festas, esporte, arte e cultura entre os próprios internos e convidando autoridades e pessoas influentes da sociedade para visitarem a Colônia e conhecerem a realidade.
Com verbas escassas e descaso dos governantes, tinha que apelar aos amigos, a instituições e colaboradores para resolver os problemas mais urgentes. Teve papel preponderante na modernização da cozinha geral, ampliação do hospital, criação e construção da Escola Estadual Eunice Weaver, com a ajuda de Padre Franz Neumair e do Povo Cristão da Alemanha, escola essa que se transformou em fator decisivo de ensino regular para as crianças da comunidade que passaram a se integrar com outros segmentos sociais de outras localidades.
A marca registrada de seu trabalho era estar sempre presente na vida da comunidade, carinhosamente chamada por ele de Família Damianense. Participava de tudo. Apoiava, incentivava, valorizava, aplaudia. Corrigia e ensinava.
Com invejável folha de serviços prestados à humanidade, faleceu em Belo Horizonte em 28-12-1991, onde está sepultado no Cemitério Parque da Colina.
Com o tempo e o trabalho a realidade foi transformada. A ciência evoluiu. Não há mais internamento. Existe tratamento e cura para a hanseníase.
E tal como Padre Damião na Ilha de Molokai, Dr.Heitor devolveu aos doentes internos da Colônia Padre Damião a alegria de viver.
Duas vidas, duas histórias, duas saudades, ... muitos ensinamentos!

(Acessar Vídeo em P-Centenário de Dr.Heitor (II) - 29.12.2011)

3 comentários:

  1. FICOU MUITO INTERESSANTE O BLOG,ALÉM DE TIRAR MUITAS DÚVIDAS,NOS TRAZ O RETRATO FALADO DAS HISTÓRIAS QUE NOSSOS PAIS E AVÓS CONTAM.
    MUITO BOM MESMO.

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  2. QUE SAUDADES!!!!
    É COMO DIZ O DITADO.....
    NÓS ÉRAMOS FELIZES E NÃO SABÍAMOS!!!!

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  3. GRANDE HOMEM QUE DEDICOU SUA VIDA AOS DISCRIMINADOS,PERSEGUIDOS E REJEITADOS PORTADORES DE HANSENÍASE ( LEPRA COMO ERA CONHECIDA NAQUELA ÉPOCA). MUITO DE NÓS DAMIANENSES TEMOS ORGULHO DE TER CONVIVIDO COM ESTE NOTÁVEL HOMEM.

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