C.5.1-Surgimento dos Povoados Adjacentes
A alternativa imposta aos casais que tinham ou viessem a ter filhos e não queriam mandá-los para o Educandário, era sair da Colônia e criá-los como fosse possível. Casais certamente já formados na escola da vida e que já temiam as conseqüências nefastas nos aspectos da separação para a convivência humana. Ainda hoje, os traumas dos que foram retirados do convívio familiar desafiam o tempo e confirmam os temores. E por que tinha quer ser assim?
É uma curiosa história para quem quiser e puder entender:
Enquanto a ciência ainda engatinhava no campo da pesquisa, o senso comum dizia que a doença “era hereditária”, ou seja, passava de pai para filho. Portanto, pais doentes gerariam filhos doentes. Conclusão, pais doentes não poderiam ter filhos e pronto.
No estágio seguinte conclui-se que a doença “não é hereditária”. Preconizava-se agora que os filhos nasciam sadios, porém se contaminariam na convivência com os pais. A nova tese passa a ser que pais doentes até poderiam ter filhos, mas estes teriam de ser separados logo ao nascer e encaminhados para educandários distantes.
Era a ruptura violenta que ciência e lei patrocinaram e garantiram por longos anos.
Não seria justo, nem humanamente aceitável, condenar radicalmente as lentas etapas evolutivas da ciência em tempos passados, e muito menos a abnegação de tantos e tantas que nas Colônias, e principalmente os que nos Educandários não tiveram culpa da separação e devem ter agido com a melhor das intenções. Mas, por outro lado também, e até com maior motivo, não se pode desconhecer ou silenciar as cenas dramáticas de lágrimas sufocadas, o choro das crianças sem colo e a dor do leite que secava no peito.
Neste contexto é que surge a alternativa dos povoados adjacentes.
E afinal, depois de tantas voltas e reviravoltas, o que ficou constatado?
- Entre pais e filhos que tiveram que se separar, salvo raras e honrosas exceções: traumas emocionais, dificuldade de aprendizagem, insegurança na adaptação familiar e rejeição mútua quando mais tarde foram obrigados a conviver juntos, devido falta de preparação e omissão governamental com a desativação que era necessária, sem ter que ser de surpresa, dos referidos educandários, a partir de 1989.
- Entre filhos e pais que puderam sair da Colônia para conviver nas imediações, também com as exceções de toda regra: equilíbrio emocional, nível normal de aprendizagem, adaptação social e aceitação natural do vínculo familiar.
Na prática, constata-se também que o grau de atenção com referência à hanseníase para as crianças que convivem com pais portadores da doença é sempre maior, porquanto qualquer sinal suspeito é logo detectado e os serviços de saúde se antecipam no diagnóstico e tratamento, se for o caso, ou fica comprovado tratar-se de algum outro problema diferente de hanseníase e que tem o encaminhamento na forma necessária.
Além disso, verifica-se que com a convivência e exposição das pessoas em campo teoricamente minado pelo bacilo, ocorre uma das hipóteses:
a – Se o indivíduo (criança ou adulto) não tem muita defesa orgânica ou está no grupo dos ±5% da população propensos ao contágio, a doença é detectada mais cedo, é tratada de imediato e tem cura mais rapidamente.
b – Se o indivíduo (criança ou adulto) tem a resistência natural comum à maioria, o organismo desenvolve anti-corpos contra o bacilo. Comprovadamente pode-se dizer que em situação assim o indivíduo estará mais protegido devido à chamada resistência cruzada que o próprio organismo se encarrega de administrar.
Além da descrição de origem com as crianças nascidas na Colônia, outras famílias passaram a residir nas proximidades, por razões as mais diversas: filhos adultos sadios com pais doentes internados ou vice-versa; cônjuge doente internado e cônjuge sadio, irmãos doentes internados e irmãos sadios, etc...
Assim surgiram os Povoados São Domingos e Boa Vista, adjacentes à Colônia Padre Damião, cada um com a realidade de uma história que não foi contada.
Atualmente, com a expansão dos novos tempos, vão sendo incorporadas novas características com diferentes experiências e desafios.
C.5.2-Povoado Boa Vista(Sítio de Cima)Propriedades particulares adquiridas para construção de moradia próxima a familiares internados ou novas famílias constituídas por algum laço de afinidade ou em razão de vínculo de trabalho na Colônia.
Localidade com delimitação geográfica afastada das terras da Fhemig. Todas as construções são propriedades particulares com incidência de IPTU e despesas de água e energia elétrica.
Número aproximado de 115 residências, com uma média de 380 moradores, entre os quais um total de 112 crianças cadastradas de 0 a 14 anos.
C.5.3-Povoado São Domingos(Sítio de Baixo)A parte inicial do bairro é formada de propriedades particulares adquiridas para construção de moradia próxima a familiares internados ou novas famílias constituídas por afinidade ou em razão de vínculo de trabalho na Colônia. Nesta parte os moradores pagam IPTU, energia elétrica e com sistema de abastecimento de água próprio.
Outra parte está em terras da Fhemig com projeção de crescimento desordenado em área de invasão que precisa ser regularizada. A solução talvez seja a titularidade dos lotes aos moradores, mediante cadastramento com base em critérios definidos.
Número aproximado de 225 residências, com 610 moradores, entre os quais um total de 232 crianças cadastradas de 0 a 14 anos.
A alternativa imposta aos casais que tinham ou viessem a ter filhos e não queriam mandá-los para o Educandário, era sair da Colônia e criá-los como fosse possível. Casais certamente já formados na escola da vida e que já temiam as conseqüências nefastas nos aspectos da separação para a convivência humana. Ainda hoje, os traumas dos que foram retirados do convívio familiar desafiam o tempo e confirmam os temores. E por que tinha quer ser assim?
É uma curiosa história para quem quiser e puder entender:
Enquanto a ciência ainda engatinhava no campo da pesquisa, o senso comum dizia que a doença “era hereditária”, ou seja, passava de pai para filho. Portanto, pais doentes gerariam filhos doentes. Conclusão, pais doentes não poderiam ter filhos e pronto.
No estágio seguinte conclui-se que a doença “não é hereditária”. Preconizava-se agora que os filhos nasciam sadios, porém se contaminariam na convivência com os pais. A nova tese passa a ser que pais doentes até poderiam ter filhos, mas estes teriam de ser separados logo ao nascer e encaminhados para educandários distantes.
Era a ruptura violenta que ciência e lei patrocinaram e garantiram por longos anos.
Não seria justo, nem humanamente aceitável, condenar radicalmente as lentas etapas evolutivas da ciência em tempos passados, e muito menos a abnegação de tantos e tantas que nas Colônias, e principalmente os que nos Educandários não tiveram culpa da separação e devem ter agido com a melhor das intenções. Mas, por outro lado também, e até com maior motivo, não se pode desconhecer ou silenciar as cenas dramáticas de lágrimas sufocadas, o choro das crianças sem colo e a dor do leite que secava no peito.
Neste contexto é que surge a alternativa dos povoados adjacentes.
E afinal, depois de tantas voltas e reviravoltas, o que ficou constatado?
- Entre pais e filhos que tiveram que se separar, salvo raras e honrosas exceções: traumas emocionais, dificuldade de aprendizagem, insegurança na adaptação familiar e rejeição mútua quando mais tarde foram obrigados a conviver juntos, devido falta de preparação e omissão governamental com a desativação que era necessária, sem ter que ser de surpresa, dos referidos educandários, a partir de 1989.
- Entre filhos e pais que puderam sair da Colônia para conviver nas imediações, também com as exceções de toda regra: equilíbrio emocional, nível normal de aprendizagem, adaptação social e aceitação natural do vínculo familiar.
Na prática, constata-se também que o grau de atenção com referência à hanseníase para as crianças que convivem com pais portadores da doença é sempre maior, porquanto qualquer sinal suspeito é logo detectado e os serviços de saúde se antecipam no diagnóstico e tratamento, se for o caso, ou fica comprovado tratar-se de algum outro problema diferente de hanseníase e que tem o encaminhamento na forma necessária.
Além disso, verifica-se que com a convivência e exposição das pessoas em campo teoricamente minado pelo bacilo, ocorre uma das hipóteses:
a – Se o indivíduo (criança ou adulto) não tem muita defesa orgânica ou está no grupo dos ±5% da população propensos ao contágio, a doença é detectada mais cedo, é tratada de imediato e tem cura mais rapidamente.
b – Se o indivíduo (criança ou adulto) tem a resistência natural comum à maioria, o organismo desenvolve anti-corpos contra o bacilo. Comprovadamente pode-se dizer que em situação assim o indivíduo estará mais protegido devido à chamada resistência cruzada que o próprio organismo se encarrega de administrar.
Além da descrição de origem com as crianças nascidas na Colônia, outras famílias passaram a residir nas proximidades, por razões as mais diversas: filhos adultos sadios com pais doentes internados ou vice-versa; cônjuge doente internado e cônjuge sadio, irmãos doentes internados e irmãos sadios, etc...
Assim surgiram os Povoados São Domingos e Boa Vista, adjacentes à Colônia Padre Damião, cada um com a realidade de uma história que não foi contada.
Atualmente, com a expansão dos novos tempos, vão sendo incorporadas novas características com diferentes experiências e desafios.
C.5.2-Povoado Boa Vista(Sítio de Cima)Propriedades particulares adquiridas para construção de moradia próxima a familiares internados ou novas famílias constituídas por algum laço de afinidade ou em razão de vínculo de trabalho na Colônia.
Localidade com delimitação geográfica afastada das terras da Fhemig. Todas as construções são propriedades particulares com incidência de IPTU e despesas de água e energia elétrica.
Número aproximado de 115 residências, com uma média de 380 moradores, entre os quais um total de 112 crianças cadastradas de 0 a 14 anos.
C.5.3-Povoado São Domingos(Sítio de Baixo)A parte inicial do bairro é formada de propriedades particulares adquiridas para construção de moradia próxima a familiares internados ou novas famílias constituídas por afinidade ou em razão de vínculo de trabalho na Colônia. Nesta parte os moradores pagam IPTU, energia elétrica e com sistema de abastecimento de água próprio.
Outra parte está em terras da Fhemig com projeção de crescimento desordenado em área de invasão que precisa ser regularizada. A solução talvez seja a titularidade dos lotes aos moradores, mediante cadastramento com base em critérios definidos.
Número aproximado de 225 residências, com 610 moradores, entre os quais um total de 232 crianças cadastradas de 0 a 14 anos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário