Fonte: www.watersecretsblog.com
D.3.1-Molokai: o cenário de uma história
A Ilha de Molokai está isolada por altas montanhas, íngremes penhascos e águas profundas do oceano Pacífico. Ali só era possível chegar e sair de navio.
A lepra era o pavor da época, o terror de todos. Quem se contagiasse deixava de fazer parte da sociedade civil e era totalmente segregado. Por isso, em 1865, com o medo no lugar da ciência e diante da pressão política e social, o rei Kamehameha IV logo deu jeito de isolar os doentes, segregando-os na Ilha de Molokai, escolhida exatamente pelas características de retorno impossível. As pessoas acometidas pela doença eram jogadas no navio “Kilauea”, reservado para o transporte até Molokai. Eram levadas para morrer como um animal qualquer, e morrer escondidas para serem esquecidas. E eram homens, mulheres e crianças. Fugir dali? Impossível. Os que em desespero se aventuravam morriam estraçalhados nas pedras pelas ondas ou engolidos pela voracidade do mar.
As autoridades de então devem ter pensado que estavam fazendo a sua parte mandando o problema para uma ilha distante e por um caminho sem volta.
E assim foram tocando o barco nas águas tranqüilas da indiferença de suas consciências ilhadas desde 1865, sem nenhuma outra perspectiva até os acontecimentos de 1873.
Com uns poucos víveres para algum tempo, os doentes recebiam um punhado de sementes para, na ilha, se virarem como pudessem. Mas como se virarem, se nada podiam? Nem sequer aguentavam trabalhar a terra porque faltava comida, além de não terem nem saúde, nem médico, nem remédio.
Eis que Molokai, uma maravilha de belezas naturais como sempre foi, passa a ser chamada de “ilha maldita”, “ilha da morte”. Ali era distância, era exclusão, era abandono, era desesperança, dor, muita dor, era sofrimento e morte.
E eis que o jovem Joseph de Veuster será o personagem símbolo da transformação. Ordenado padre em Honolulu pelo Bispo D.Maigret, passa a ser chamado P.Damião. Em seu trabalho missionário em várias ilhas do arquipélago, procurou conhecer a realidade local. Teve que aprender a língua kanaka para melhor se comunicar com os nativos e era carinhosamente chamado por eles de “Makua Kamiano”.
Através desse trabalho, ficou sabendo da situação de miséria e abandono dos doentes segregados em Molokai e se oferece para ficar junto deles e atendê-los espiritualmente.
Com tanta determinação e insistência, foi até chamado de louco pela sua coragem, deixando as pessoas estupefactas com sua decisão. Consegue autorização dos Superiores da Congregação (SSCC) e parte para Molokai, levando consigo somente um pequeno crucifixo, companheiro inseparável de sua vida missionária. É a entrega total de sua vida a Deus, arrebatado pelo amor aos irmãos até então desconhecidos.
D.3.2- Molokai: A chegada
Damião chega à Ilha de Molokai no dia 10 de maio de 1873. Um grupo de leprosos se aproxima curioso e ele anuncia que ficará junto com eles. Bem cedo torna-se a esperança daqueles irmãos abandonados. Ama-os intensamente e identifica-se com eles.
Nesta época estavam segregados em Molokai, aproximadamente, seiscentos leprosos. Devido ao total abandono, muitos doentes esperavam a morte em clima de desespero, e por isso, num ambiente de devassidão e promiscuidade.
Curiosamente é em 1873 que o cientista norueguês Gerhard Armauer Hansen descobre o bacilo da lepra (mycobacterium lepræ) que em sua homenagem passou a chamar-se bacilo de “Hansen” e daí a terminologia científica atual de “Hanseníase”.
D.3.3-Molokai: Atividades na ilhaCom sua atividade pastoral, conseguiu regenerar a convivência social na "colônia da morte". Aos poucos se restabeleceram as leis básicas da convivência humana, os doentes começaram a ter esperança e vontade de viver porque afinal ali estava alguém que escolheu viver no meio deles.
Um dos primeiros trabalhos foi preparar um cemitério para enterrar os mortos. Até então muitos cadáveres ficavam insepultos. P.Damião era pau pra toda obra: guia espiritual, médico, construtor, servente, coveiro. Com o trabalho coletivo começou a despertar o espírito de solidariedade que havia morrido nos corações sem esperança daquela gente.
Construiu uma pequena igreja e estabeleceu uma paróquia onde celebrava as missas. Também construiu um pequeno hospital onde ele e um médico que chegou depois, cuidavam dos doentes mais graves.
Com freqüência ia a Honolulu, capital das ilhas e sede do governo, em busca de remédio, alimento, roupas e material de construção. Procurava e reclamava providências dos órgãos de saúde pública (Royal Board of Health).
Ousadia missionária, excepcional dedicação aos leprosos de Molokai, insistência em pedir socorro tanto animavam seu espírito realizador, como geravam incompreensões e dificuldades até com seus superiores eclesiásticos e, mais ainda, com o mundo político havaiano em Honolulu.
Neste meio tempo escrevia também para o jornal local denunciando os horrores de Molokai. Essas notícias se espalharam e abalaram o mundo. Também incomodavam as autoridades, aquelas mesmas que haviam mandado o problema para mais longe, numa ilha distante.
A partir daí começam a surgir os movimentos de ajuda humanitária. Um médico que havia contraído a lepra ouviu falar de Damião e viajou para a ilha a fim de ajudar.
P.Damião dedica-se inteiramente e preocupa-se com tudo na ilha. Conhecia cada um dos que ali estavam, visitava, cativava e animava a todos.
Vivia numa simples cabana, onde todos corriam em busca de ajuda material e espiritual. Os doentes já sentiam a presença de alguém que os amava. Com a ajuda dos mais fortes P. Damião constrói e reforma casas, amplia as instalações do pequeno hospital. Anima sua gente a cultivar a terra, monta um armazém onde os doentes se abasteciam, faz uma aldeia de casas, organiza os serviços de ajuda solidária, instala um orfanato, um grupo de canto, uma pequena banda de música com instrumentos rudimentares e cria uma escola onde crianças e adultos começaram a estudar e desenvolver atividades artesanais. Dois aquedutos completavam a estrutura sanitária tão necessária à vida daquele povoado.
Porém, a obra de P.Damião de Molokai abrangeu mais do que a melhoria da estrutura física da ilha. Ele foi amigo e companheiro inseparável de todas as horas, devolvendo aos doentes nova esperança e alegria de viver.
A Ilha de Molokai está isolada por altas montanhas, íngremes penhascos e águas profundas do oceano Pacífico. Ali só era possível chegar e sair de navio.
A lepra era o pavor da época, o terror de todos. Quem se contagiasse deixava de fazer parte da sociedade civil e era totalmente segregado. Por isso, em 1865, com o medo no lugar da ciência e diante da pressão política e social, o rei Kamehameha IV logo deu jeito de isolar os doentes, segregando-os na Ilha de Molokai, escolhida exatamente pelas características de retorno impossível. As pessoas acometidas pela doença eram jogadas no navio “Kilauea”, reservado para o transporte até Molokai. Eram levadas para morrer como um animal qualquer, e morrer escondidas para serem esquecidas. E eram homens, mulheres e crianças. Fugir dali? Impossível. Os que em desespero se aventuravam morriam estraçalhados nas pedras pelas ondas ou engolidos pela voracidade do mar.
As autoridades de então devem ter pensado que estavam fazendo a sua parte mandando o problema para uma ilha distante e por um caminho sem volta.
E assim foram tocando o barco nas águas tranqüilas da indiferença de suas consciências ilhadas desde 1865, sem nenhuma outra perspectiva até os acontecimentos de 1873.
Com uns poucos víveres para algum tempo, os doentes recebiam um punhado de sementes para, na ilha, se virarem como pudessem. Mas como se virarem, se nada podiam? Nem sequer aguentavam trabalhar a terra porque faltava comida, além de não terem nem saúde, nem médico, nem remédio.
Eis que Molokai, uma maravilha de belezas naturais como sempre foi, passa a ser chamada de “ilha maldita”, “ilha da morte”. Ali era distância, era exclusão, era abandono, era desesperança, dor, muita dor, era sofrimento e morte.
E eis que o jovem Joseph de Veuster será o personagem símbolo da transformação. Ordenado padre em Honolulu pelo Bispo D.Maigret, passa a ser chamado P.Damião. Em seu trabalho missionário em várias ilhas do arquipélago, procurou conhecer a realidade local. Teve que aprender a língua kanaka para melhor se comunicar com os nativos e era carinhosamente chamado por eles de “Makua Kamiano”.
Através desse trabalho, ficou sabendo da situação de miséria e abandono dos doentes segregados em Molokai e se oferece para ficar junto deles e atendê-los espiritualmente.
Com tanta determinação e insistência, foi até chamado de louco pela sua coragem, deixando as pessoas estupefactas com sua decisão. Consegue autorização dos Superiores da Congregação (SSCC) e parte para Molokai, levando consigo somente um pequeno crucifixo, companheiro inseparável de sua vida missionária. É a entrega total de sua vida a Deus, arrebatado pelo amor aos irmãos até então desconhecidos.
D.3.2- Molokai: A chegada
Damião chega à Ilha de Molokai no dia 10 de maio de 1873. Um grupo de leprosos se aproxima curioso e ele anuncia que ficará junto com eles. Bem cedo torna-se a esperança daqueles irmãos abandonados. Ama-os intensamente e identifica-se com eles.
Nesta época estavam segregados em Molokai, aproximadamente, seiscentos leprosos. Devido ao total abandono, muitos doentes esperavam a morte em clima de desespero, e por isso, num ambiente de devassidão e promiscuidade.
Curiosamente é em 1873 que o cientista norueguês Gerhard Armauer Hansen descobre o bacilo da lepra (mycobacterium lepræ) que em sua homenagem passou a chamar-se bacilo de “Hansen” e daí a terminologia científica atual de “Hanseníase”.
D.3.3-Molokai: Atividades na ilhaCom sua atividade pastoral, conseguiu regenerar a convivência social na "colônia da morte". Aos poucos se restabeleceram as leis básicas da convivência humana, os doentes começaram a ter esperança e vontade de viver porque afinal ali estava alguém que escolheu viver no meio deles.
Um dos primeiros trabalhos foi preparar um cemitério para enterrar os mortos. Até então muitos cadáveres ficavam insepultos. P.Damião era pau pra toda obra: guia espiritual, médico, construtor, servente, coveiro. Com o trabalho coletivo começou a despertar o espírito de solidariedade que havia morrido nos corações sem esperança daquela gente.
Construiu uma pequena igreja e estabeleceu uma paróquia onde celebrava as missas. Também construiu um pequeno hospital onde ele e um médico que chegou depois, cuidavam dos doentes mais graves.
Com freqüência ia a Honolulu, capital das ilhas e sede do governo, em busca de remédio, alimento, roupas e material de construção. Procurava e reclamava providências dos órgãos de saúde pública (Royal Board of Health).
Ousadia missionária, excepcional dedicação aos leprosos de Molokai, insistência em pedir socorro tanto animavam seu espírito realizador, como geravam incompreensões e dificuldades até com seus superiores eclesiásticos e, mais ainda, com o mundo político havaiano em Honolulu.
Neste meio tempo escrevia também para o jornal local denunciando os horrores de Molokai. Essas notícias se espalharam e abalaram o mundo. Também incomodavam as autoridades, aquelas mesmas que haviam mandado o problema para mais longe, numa ilha distante.
A partir daí começam a surgir os movimentos de ajuda humanitária. Um médico que havia contraído a lepra ouviu falar de Damião e viajou para a ilha a fim de ajudar.
P.Damião dedica-se inteiramente e preocupa-se com tudo na ilha. Conhecia cada um dos que ali estavam, visitava, cativava e animava a todos.
Vivia numa simples cabana, onde todos corriam em busca de ajuda material e espiritual. Os doentes já sentiam a presença de alguém que os amava. Com a ajuda dos mais fortes P. Damião constrói e reforma casas, amplia as instalações do pequeno hospital. Anima sua gente a cultivar a terra, monta um armazém onde os doentes se abasteciam, faz uma aldeia de casas, organiza os serviços de ajuda solidária, instala um orfanato, um grupo de canto, uma pequena banda de música com instrumentos rudimentares e cria uma escola onde crianças e adultos começaram a estudar e desenvolver atividades artesanais. Dois aquedutos completavam a estrutura sanitária tão necessária à vida daquele povoado.
Porém, a obra de P.Damião de Molokai abrangeu mais do que a melhoria da estrutura física da ilha. Ele foi amigo e companheiro inseparável de todas as horas, devolvendo aos doentes nova esperança e alegria de viver.
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