segunda-feira, 31 de agosto de 2009

E.2-Na jaula do poder

"Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio da jaula uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, os cientistas jogavam um jato de água fria nos que haviam ficado no chão.
Depois de um certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e o enchiam de pancada. Com mais tempo, nenhum daqueles macacos subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então os cientistas substituiram um dos macacos por um novato. A primeira coisa que ele fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros com uma surra. De surra em surra, o novo integrante do grupo também não subia mais a escada.
Um segundo macaco foi substituido e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado com entusiasmo na surra do concorrente. Um terceiro foi trocado e o mesmo aconteceu. Também o quarto e finalmente o último dos veteranos foi substituido.
Os cientistas ficaram então com o grupo de cinco macacos que, mesmo nunca tendo tomado um jato de água fria, continuavam batendo naquele que tentasse subir a escada para pegar as bananas."
Se possível fosse perguntar por que eles batiam em quem tentasse subir a escada, certamente que a resposta seria: "Não sei, mas as coisas aqui sempre foram assim".
Será que entre os seres humanos tem sido muito diferente, apesar da inteligência?
A humanidade se debate numa luta intensa sem ter pra onde correr. A incerteza dissemina clima de desconfiança e o jeito é atacar porque logo pensamos que o jato de água fria foi atirado por quem está subindo a escada.
Atitudes racionais devem estar além da simples luta por bananas ou da fuga assustada de quem tem medo de água fria, até porque inteligência e necessidade de sobrevivência podem inventar novas escadas ou descobrir que o jato de água fria pode ser o maior barato em tempos de calor intenso.
Muitas cenas da vida humana de apanhar sem saber o porquê e bater por ter apanhado chegariam a envergonhar os outros animais, tanto que seres humanos se matam sem ser pra matar a fome. Ah, se bicho falasse!
Sem generalizar, pode-se dizer que nas cenas de poder de muita gente (civilizada?) é que se desenvolve o gosto de "apanhar, bater e tornar a apanhar, porque só se pensa em ganhar ou bater de novo na próxima". Esvai-se o tempo em vingar e ser vingado, perseguir e ser perseguido, alimentando o círculo vicioso do "ódio em conserva". Pena que na sociedade humana este poder sempre insiste em estar atrelado à veia eleitoreira da política partidária.
Poder é bom e muito útil, desde que se saiba o que fazer com ele para decidir, para realizar, para ser agente transformador. Mas muita gente faz mais bobagens com o poder que tem do que com a falta dele.
Quem disputa degraus do poder deveria lembrar-se que a escada da subida é a mesma da descida. E a política que dá é a mesma que toma. E quem viver imitando ou repetindo maldades corre o risco de ser apenas mais um personagem na jaula dos macacos.

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