sábado, 24 de outubro de 2009

E.3-E se não fosse a esperança!

Todo tempo é tempo de esperança. E, ai de nós, se assim não fosse!
A humanidade tem pressa, o mundo tem pressa. Mas não se pode perder o rumo dos fatos e atropelar os sonhos. É preciso cuidado para não deixar morrer a esperança, que mesmo sendo a última que morre, ainda assim pode morrer. E pode morrer porque alguém costuma matar! E se morrer a esperança, que razão de vida haverá para nós, pobres mortais? O que será da mãe que passa a noite em vigília com o filho doente, se não tiver esperança na cura? O que será de quem se sente perdido, se não tiver esperança de encontrar o caminho? O que será de alguém que magoou ou feriu, se não tiver esperança no perdão? O que será das lágrimas de saudade, se não houver a esperança do reencontro?
É a esperança que impulsiona a vida e renova o sonho. E feliz de quem consegue sonhar! Alguém já disse que a pessoa começa a ficar realmente velha quando o remorso começa a tomar o lugar dos sonhos. Mas, que remorso? Remorso de tantas coisas que a gente poderia ter feito e não fez, ou fez errado. Das coisas que disse ou deixou de dizer. De gastar o tempo a ensaiar para “acertar pensando” sem correr o risco de “errar fazendo”. Remorso, quem sabe, de ter sufocado sonhos e enterrado talentos.
É tempo de sempre renovar a esperança pessoal, política e social, mas sem esperar milagres governamentais. A vida tem ensinado quão diferente e tortuosa costuma ser a distância entre o ideal e o possível, entre sonho e realidade. Tomara que as experiências interessantes e até as desastrosas que o país conhece sejam aproveitadas no traçado de novos rumos. Obstáculos precisam ser superados diante dos vários conflitos de interesse. Estamos todos no mesmo barco, navegando por entre penhascos e tempestades diante da diversidade de gostos e pensamentos. Diversidade salutar, aliás, que equilibra as ondas, se houver maturidade e senso crítico dos remadores.
Diante do clima de insegurança no país, o que é drama e problema para uns pode ser exatamente o que outros estejam querendo.
Exemplos? São tantos! Enquanto os cidadãos clamam por segurança, para as facções criminosas, às vezes acobertadas pelo poder acomodado, julgamentos postergados, leis que espicham e encolhem, impunidade organizada, assim está ótimo. Criminosos que abusam da liberdade para praticarem horrores e quando em perigo com a ameaça da concorrência, até conseguem transferências espetaculares para penitenciárias de segurança máxima (segurança máxima para eles, é claro), sem até mesmo o risco das balas perdidas que atingem o coração da sociedade em passantes inocentes por ruas e praças, vielas ou avenidas.
O desemprego, um drama para cidadãos trabalhadores que, já cansados da procura, voltam pra casa com a sensação de fracasso, pode servir de justificativa para outros na torcida silenciosa de se ter uma desculpazinha para, quem sabe, garantir vaga em alguma “bolsa”, que mesmo sendo provisoriamente necessária (e é), não pode virar peixe garantido em bandeja permanente. Isso não educa, não constrói cidadania e muito menos a independência das pessoas. Realmente, não há vergonha maior para uma nação do que seus filhos passarem fome, enquanto outros fazem orgias. No entanto, o foco de todas as ações deve ser, e precisa ser, o estímulo à promoção humana, com o devido cuidado para não alimentar a ociosidade de muitos e errar o tiro matando a esperança de outros.

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