quarta-feira, 31 de março de 2010

E.5-Para que servem as alianças?

Em ano de eleições, alianças e coligações esquentam a agenda política nacional. Por isso, tempo de reflexão mais abrangente sobre alianças nas relações humanas. Perigoso até começar falando em eleições, porque pode ser que alguém leia o texto apenas pensando nelas e outros nem queiram terminar a leitura, já enfastiados por causa delas.
Etimologicamente, aliança deriva do latim “ad+ligare”, para ligar, juntar-se a alguém, aliar-se. Desde os primórdios da humanidade os seres humanos sentiram necessidade de fazer alianças, tendo que viver em grupos nas cavernas para se protegerem de animais e intempéries e garantir a sobrevivência da espécie. Os textos bíblicos narram a grande aliança entre Deus e os homens através de Abraão e que se confirma em Jesus Cristo, revelação de um Deus sempre fiel, apesar das fraquezas e cochilos da humanidade. A aliança de noivado sinaliza o compromisso de duas vidas, mesmo em tempos de abalos mais que sísmicos nas chamadas relações conjugais da modernidade.
Em todos os tempos, pessoas, famílias e instituições; grupos, nações e governos, precisaram e hão de precisar sempre mais fazer pactos de convivência social, de ajuda mútua, de cooperação, de parceria e de solidariedade.
Mas, aliança é algo que só se garante com a fidelidade dos aliados, mediante princípios claramente delineados na formalização de um pacto. Em toda a história da humanidade, sempre que alguém agiu de má fé ou roeu a corda em alguma aliança, sabe-se do pecado tumultuando o paraíso, cessar-fogo ganhando tempo para nova guerra, injustiças gerando conflitos, boas intenções se esfarinhando no espaço, alguém tendo que entregar o anel para não ficar sem os dedos, o subdesenvolvimento alimentando o desenvolvimento dos desenvolvidos.
E as alianças eleitorais? Por mais que se queira evitar, não adianta fugir delas. Também não melhora para o Brasil, nem pra ninguém, apenas ficar soprando cinzas de outras eleições ou só choramingar as reformas que o Congresso não faz porque não quer fazer.
Como as alianças 2010 não foram ainda oficializadas, o autor está à vontade para abordar o tema, isento de qualquer conotação partidária, para análise de leitores e eleitores.
Que bom se os partidos políticos tivessem razões de sobra para alianças: antes, durante e depois das eleições! Que bom, se as alianças fossem movidas pelo desejo sincero de unir forças e superar divergências e não apenas a ânsia de ganhar, o medo de perder ou uma tal de sobrevivência política! Que bom também se as pessoas a quem tais alianças dizem respeito não tivessem que ficar alienadas das decisões “estratégicas” que serão obrigadas a engolir!
Mas, como os partidos políticos são muitos, a ideologia pouca em alguns e nada em quase todos, qual seria a base da fidelidade? Se no caminho de Drummond “tinha uma pedra”, no caminho das alianças ainda “tem muita pedra”.
O que esperar de alianças entre partidos e políticos que deixam sempre para o próximo mandato as reformas estruturais e eleitorais necessárias? Uns que podendo não fazem, outros que só querem fazer quando não podem. E, exceções à parte, o que parece querer a maioria? Voto livre, mas votação obrigatória. Fidelidade partidária sim, desde que haja tempo programado para excelências mudarem de partido. Status privilegiado de julgadores da falta de decoro de si mesmos. Financiamento público de campanha, mas despesa nem tão pública assim. Alianças alienadas pelo tempo de aluguel da propaganda obrigatória que o povo paga pensando que é “gratuita”.
Salvo melhor diagnóstico, eis alguns sentimentos que movem as alianças eleitorais: Uns fazem qualquer aliança para ganhar qualquer eleição, o que poderá dar certo ou não. Muitos só se aliam às tetas do poder de bonzinhos e injustos, que prometem ou repartem cargos e benesses que não lhes pertencem. Alguns se especializam em alianças que garantam qualquer espaço, cada um planejando sapecar bela rasteira no primeiro que cochilar e deixar o cachimbo cair. Outros tantos são bem intencionados, defendem idéias, têm princípios a preservar, o que poderá dar certo ou não. Se der certo: ótimo! Se não der, fazer o quê? Restará lamentar a mancada, chorar o leite derramado e juntar os cacos para a próxima.
Por essas e outras, pensando bem, as alianças podem servir pra “muita coisa”...

3 comentários:

  1. Olá Grande mestre,quem vos fala é o Luiz Cláudio,irmão do Fabinho daqui de Belo Horizonte.Parabéns pelo blog e gostaria de agradecer pelas lições que me ensinou.Gostaria que me informasse seu email para um contato.Grande abraço

    ResponderExcluir
  2. PARABÉNS PELO BLOG,SOU O VISITANTE 6000,UM NÚMERO EXPRESSANTE PARA VISITAS A UM BLOG.
    PARABÉNS A TODOS NÓS.

    ResponderExcluir
  3. Que bacana este blog,são matérias espetaculares que nos enche de orgulho.
    Parabéns ao criador do blog e a nós seguidores.

    ResponderExcluir